10 Segundos de Meditação para um Robô Minerador no Cinturão de Asteróides

Se passou um século de pesquisa, até que a sonda Dawn da Nasa fotografou em detalhes a superfície de Ceres, o maior corpo do cinturão de asteroides. Chegava-se agora, a primeira missão de mineração de água no asteroide. Guardada em forma de gelo, em bolsões abaixo da superfície, algumas missões recentes de Robots Pesquisadores estiveram em Ceres, e prepararam um mapeamento completo da exploração.

Ceres Protoplanet, from Astronomynow.com

Mas não só por isso, o mundo observava atento. Um pequeno grupo de bilionários, turistas do espaço, observava da nave principal de forma inédita como seria a mineração de Ceres.

Retirar água dos asteroides do cinturão não era mais novidade, várias discussões foram dadas naquela viagem de alguns anos desde a Terra. A atividade didática era um dos fortes naquela viagem, e com o o tempo quase todos ali viraram um pouco especialistas no espaço; em viagens não-tripuladas; em mineração de asteroides com Robots; e na própria geo-estrutura de Ceres, Vesta e outros asteroides de maior porte do cinturão.

Aprenderam que no início da exploração de minerais, incluindo os minerais raros e a própria água, a melhor ideia era capturar asteroides menores mais próximos da órbita da Terra e realizar, como se fosse um treinamento, e mineração na nossa própria órbita. A Robótica e Inteligência Artificial embutida nas missões evoluiu a tal ponto, que poucos pensavam para este fim em viagens tripuladas, a não ser como neste caso com turistas espaciais, como mais uma chance de angariar amplos fundos para as operações.

Algumas empresas que eram pioneiras na época, hoje dominavam as operações. Vários países e consórcios entre países eram os detentores da tecnologia e das ações no espaço.

Os turistas tripulantes aprenderam sobre todos os procedimentos de mineração, os protocolos robóticos preparados para diversas situações, diversos modelos de dados disponibilizados para as ações conforme cada situação.Era uma opção segura, e após a extração, a água seria transportada por outra nave para um depósito na Lua. Assim, após um certo acúmulo de grande quantidade de água, esta então seria enviada para a atmosfera baixa da Terra.

Com a mineração, diversos equipamentos já eram fabricados no espaço. Robots especializados em construção agiam em conjunto os mineradores para produção de novos Robots, novos equipamentos, e somente vinha da Terra uma parte menor, no que tange ao volume de materiais.

Enfim, a nave com os turistas pousou muito próximo ao ponto de mineração. Eles viram a menos de 500m, com uma vista privilegiada dos próprios olhos, e em adicional, um circuito de câmeras para a ocasião dava detalhes da ação do Robô minerador, do solo de Ceres e do espaço.

Ali começaram a perceber como aquilo tudo valeu a pena e preenchia seu sonhos. Imagens espetaculares. Uma câmera no Robô Minerador dava um efeito dramático à cena.
Finalmente ele chegou a um ponto de escavação. Ajustes feitos, em poucas horas ele “tocou” o bolsão de gelo.
Antes de vaporizar a água e capturá-la, como era planejado, testes físico-químicos foram realizados no solo e no gelo.

A expectativa para o início da coleta era gigantesco e todos estavam extasiados. No entanto, algo realmente surpreendente e inédito aconteceu.

Tardigrade – Photo from NASA

Aparecia um resultado em um pequeno frame de informações recentes da operação da tela principal da cabine dos turistas da nave. Havia sido encontrado uma pequeno corpo ativo. Foi identificado um micro-organismo semelhante a um Tardigrade, uma forma de vida que se suspeitava, poderia ser encontrada em proto-planetas como Ceres ou Vesta.

Vida.

Outra mensagem apareceu na tela, dizia:

“Decidindo próxima ação” e dez segundos se passaram. 

Naquele momento, todos pensaram em uma série de consequências. Estaria nossa civilização pela primeira vez dando uma sentença de morte a uma forma de vida no espaço? Nós, que muito maltratamos tantas formas de vida no planeta, estaríamos agora estendendo nosso domínio?

Aqueles 10 segundos pareciam fazer todos pensar que o Robô Escavador de alguma forma meditava.

Um close de sua parte frontal, de certa forma também o dotava de aparência de vida. Um grande animal que decidia o que fazer com outra forma de vida.
Antes de tantas questões a serem debatidas com o cientista-chefe da nave tripulada, viram o Robot anunciar o procedimento de vaporização gradual e captura da água.

Foi um espetáculo magnífico. Alguns dias daquela cena, e todos queriam acompanhar o que pudessem. Era o grand finale daquela viagem.

Durante a extração, o cientista pode comentar com todos:

”Aqueles 10 segundos de “meditação” que o Minerador teve, na verdade se tratou de uma análise minuciosa das características do gelo encontradas, uma análise também do micro-organismo encontrado e a decisão da melhor forma de iniciar o procedimento de vaporização. Foi necessária uma consulta ao nosso banco de dados e elaboração de diversos modelos de predição para que a ação se desse com o melhor desempenho. Como sabem há vários detalhes da estrutura de perfuração, vazão do vapor, temperatura, inserção de produtos químicos, etc. Tudo para melhorar o desempenho da extração. Isto precisava ser elaborado visando a melhor decisão do Robô. Ele aguardou esses dados, mas o processo se iniciaria de qualquer forma.”

“O que não tira o momento espetacular que presenciamos. Uma surpresa maravilhosa que vocês presenciaram ao vivo. Todo o produto coletado será trazido para nossa nave, onde realizaremos uma pesquisa microbiológica inicial.”

Todos ficaram então observando as horas finais da cena, antes de recomeçar a viagem de volta.
Sem dúvida, uma aventura fantástica no cinturão de asteroides.

Main Imagem from https://www.factor-tech.com


             

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